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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Suspeito de participar de execução de promotor é encaminhado ao Cotel

Suspeito deve chegar ao Recife por volta da meia-noite. Foto: Paulo Paiva/ DP/ D.A Press
O único detido, até o início da noite desta quarta-feira (16), suspeito de participação na execução do promotor de Justiça Thiago Faria Soares, de 36 anos, morto na última segunda (14), já foi encaminhado ao Centro de Observação Criminológica Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima. Edmacy Cruz Ubirajara foi capturado por força de um mandado de prisão temporária ao se apresentar espontaneamente na Delegacia de Águas Belas, no Agreste. Antes de ficar encarcerado, ele será levado ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Recife, onde passará por exames periciais. 
O homem foi reconhecido até mesmo pela noiva da vítima, Mysheva Martins, principal testemunha do crime e prima do prefeito de Itaíba. Edmacy Cruz é cunhado do homem apontado pela polícia como mandante do crime, o fazendeiro José Maria Pedro Rosendo Barbosa, que permanece foragido. Nesta quarta, familiares do suspeito detido e até mesmo o filho do suposto mandante estiveram na delegacia de Águas Belas para alegar a inocência da família.
Em entrevista ao Diario de Pernambuco, o advogado Leandro Ubirajara, de 28 anos, filho de José Maria, disse temer pela vida da família. "Estamos com medo. Olha o que aconteceu com meu tio. Precisavam prender alguém. Não dormimos em casa. Meu pai é um homem muito calado, uma pessoa pacata. Não existe a menor possibilidade dele ser o mandante".
Leandro Ubirajara também alegou desconhecer o paradeiro do pai. "Há 29 anos, houve um atentando contra o meu pai. A suspeita é de que tenha sido praticado por Seu Lourinho (sogro do promotor). Meu pai tem cicatriz no braço, perfuração no corpo. Foram de quatro a cinco tiros de 12. Ele está sumido porque... veja ao seu redor. O circo que foi armado. Ele teme pela própria vida", desabafou.
Mysheva Martins também esteve na Delegacia de Águas Belas nesta quarta-feira. Ela prestou depoimento à força-tarefa que investiga o caso, incluindo os delegados Joselito Kehrle e Josineide Confessor, por quase 3h30. O conteúdo da conversa não foi revelado, mas a mulher teria reconhecido Edmacy Cruz através de fotografias. O suspeito foi detido nessa terça e tinha sido socorrido para uma unidade de saúde, por mal estar, quando a mulher chegou. Voltou antes que o depoimento acabasse, mas não foi confirmado um possível encontro entre vítima e suposto executor.
Entenda o caso
Thiago Faria Soares, de 36 anos, foi encontrado morto, por pelo menos quatro tiros de espingarda calibre 12, em seu carro, um Hyundai, no Km 15 da PE-300, a caminho do Fórum de Itaíba, onde trabalhava. Ele estaria no veículo com a noiva e Adautivo Martins, tio dela. Dois homens ocupando um Corsa trancaram o veículo do promotor e fizeram os primeiros disparos. Em seguida, voltaram e executaram Thiago Faria com tiros no rosto e no pescoço. Os Martins escaparam ilesos da emboscada.
Segundo a polícia, o crime teria sido motivado por uma disputa por terras. A Fazenda Nova, onde o promotor vivia com a noiva, tem uma fonte de água mineral que renderia cerca de R$ 1 milhão por ano. A área foi adquirida em leilão por Mysheva Martins em outubro passado, quando ela e o noivo nem se conheciam. Na ocasião, a mulher desembolsou R$ 100 mil pela propriedade. No entanto, o posseiro da terra, José Maria, recusou-se a deixar a área.
Thiago Faria assumiu o cargo de promotor em dezembro passado em meio ao cenário de embate pela terra. Mas a disputa havia começado há sete anos, quando Maria das Dores Ubirajara, dona das terras, morreu. Ela não tinha filhos e era tia da esposa de José Maria. Ao morrer, deixou a área para 10 herdeiros, incluindo a esposa de José Maria. Depois da aquisição das terras por Mysheva, o posseiro chegou a questionar a validade do leilão na Justiça, mas perdeu a causa.
Em junho deste ano, foi obrigado a deixar o lugar por força de uma imissão de posse em favor da advogada, na qual o promotor teria atuado nos bastidores. De acordo com as investigações, ele também teria pedido ajuda do tio da noiva, Claudiano Martins, para negociar a saída de José Maria das terras. Ainda segundo a polícia, o promotor assassinado também teria denunciado José Maria por crime ambiental na fazenda.
Antes de morrer, Thiago Faria chegou procurou a corregedoria do Ministério Público de Pernambuco para informar que estava sendo ameaçado. O promotor estava em período probatório e a corregedoria fez uma inspeção na comarca e descobriu que havia cerca de 15 processo nos quais ele alegava suspeição pelo fato de envolver interesses de parentes da noiva. Por esses motivos, o promotor seria relocado para Jupi.

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